A B3, bolsa de valores do Brasil, já migrou algo entre 10% e 15% das suas operações para a nuvem com uma estratégia multicloud que combina aplicações da Oracle e da Microsoft, dois dos principais players do mercado.
O negócio foi fechado ainda em 2022, quando as empresas firmaram um contrato conjunto para um projeto com previsão de desdobramento em 10 anos.
A B3 foi uma das primeiras a utilizar uma conexão inédita no mundo entre os data centers das duas multinacionais americanas.
(A Oracle não é nem de longe um player de computação em nuvem da dimensão da Microsoft, mas ainda assim concorre no mercado, o que torna a colaboração um fato interessante).
Dois anos depois, já estão rodando na nuvem sistemas da bolsa como o portal do investidor, as operações de seguro e a clearing de câmbio, voltada a operações do mercado brasileiro interbancário de dólar à vista.
Em processo de migração, estão áreas como dados, Mercado de Balcão, central depositária, clearing B3 e financiamento.
“Nossa decisão é de migrar para a nuvem conforme temos o desejo ou a necessidade de atualizar tecnologicamente as aplicações. Foi assim com a clearing de câmbio, foi assim com a depositária e assim será ao longo dos próximos anos. O gap de conhecimento e experiência também afeta todo mundo, então é importante fazer uma transição gradual, pelo menos para nós que somos muito cobrados por resiliência”, conta Ricardo Redenschi, diretor de plataformas e operações de TI da B3.
De acordo com o executivo, a única área da B3 que não deve ir para a cloud em um período de curto ou médio prazo é a da Negociação, que é conhecida como a bolsa propriamente, algo cuja parada poderia ter consequências catastróficas muito além da B3.
“A gente não enxerga a Negociação indo para a nuvem nos próximos anos, não tem previsão. Nos demais segmentos, como em toda empresa, existe uma expectativa grande de aceleração das entregas em cima da área de TI”, conta Redenschi.
Segundo o executivo, a escolha não tem a ver com a maturidade ou a resiliência da computação em cloud. Neste caso específico, pesam características técnicas como latência, igualdade e desvio padrão.
“Existe uma característica toda especial no segmento de negociação. Os nossos high frequency traders se preocupam, por exemplo, com o tamanho do cabo que liga o equipamento deles ao nosso. Eles têm que ficar próximos do núcleo de negociação. Existem várias razões pelas quais, hoje, não enxergamos a nuvem como uma alternativa”, explica Redenschi.
Combinada com um data center próprio em Santana do Parnaíba, São Paulo, a estratégia de cloud pública da B3 roda 100% no Brasil.