Julio Semeghini, uma cara conhecida no meio político de TI, acaba de ser nomeado para o conselho de administração da Telebras, estatal de telecomunicações do governo federal.

Segundo o site Teletime, a expectativa é que ele se torne o presidente do colegiado da estatal quando o conselho de administração realizar a votação, no próximo dia 30.

Semeghini foi nomeado pelo Ministério das Comunicações. Caso ele assuma a presidência do conselho, seria um fato inédito.

Desde 2011, quando a estatal foi reativada, a posição sempre foi por secretários do Ministério das Comunicações ou Ciências e Tecnologia.

Semeghini fez uma longa carreira política, sempre tendo algum envolvimento com a área de tecnologia. 

Nos anos 90, ele foi presidente da Prodesp, estatal de processamento de dados de São Paulo, e da Softex, agência do governo brasileiro para promoção de exportação de software.

Semeghini também foi deputado federal pelo PSDB paulista por quatro mandatos consecutivos, entre 1999 e 2015, sendo presidente da Comissão de Ciência, Tecnologia, Comunicação e Informática da Câmara dos Deputados por um período.

O tucano foi convidado por Marcos Pontes para ser secretário executivo do Ministério de Ciência e Tecnologia no novo governo Jair Bolsonaro, em 2018, e permaneceu no cargo até 2020.

No período, Semeghini se destacou pela defesa do Ceitec, estatal de chips federal que o governo Bolsonaro queria fechar (e que acabou salva no novo governo Lula).

Em outubro de 2020, talvez cansado dos anos algo caóticos do governo Bolsonaro, Semeghini disse que estava de saída da vida pública e pretendia encerrar carreira na iniciativa privada.

Que um quadro tradicional do PSDB com uma passagem, ainda que curta, pelo governo Bolsonaro, possa vir a assumir uma posição privilegiada dentro da Telebras provavelmente tem que ver com o perfil do atual ministro das Comunicações. 

Juscelino Filho é do União Brasil, um partido do centrão que integra a base de apoio do governo de maneira, digamos, algo ambígua. 

Em entrevista recente ao Globo, por exemplo, Juscelino disse que não sabia se o partido viria a apoiar o atual presidente Lula em uma possível campanha de reeleição em 2026 (ele, pessoalmente, disse que apoia Lula).

Vale lembrar que o atual governador de Goiás, Ronaldo Caiado, também é do União Brasil, tem uma boa conexão com o eleitor bolsonarista, e vem se colocando como um nome para enfrentar o PT nas próximas eleições presidenciais.