É possível pagar alguém para acessar os sistemas do INSS e desbloquear benefícios para liberar empréstimos de crédito consignado de forma quase instantânea, por valores entre R$ 80 e R$ 100.
É o que mostrou uma matéria feita pelo RBS, retransmissora da Globo no Rio Grande do Sul.
O “serviço” é encomendado pelo WhatsApp por agentes de instituições financeiras de crédito, os famosos “pastinhas”.
A oportunidade para negócio é originada pela lentidão do trabalho normal do INSS.
A denúncia que embasou a reportagem partiu de uma promotora de vendas de Alvorada, na região metropolitana de Porto Alegre.
Ela diz que aposentados chegam a aguardar 60 dias quando solicitam a liberação de forma legal.
Todas novas aposentadorias aprovadas vêm por default com um bloqueio para empréstimos consignados. Isso provavelmente foi implementado por que as informações sobre concessões de novas aposentadorias também costumam vazar do INSS.
A reportagem não conseguiu averiguar como funciona o esquema dentro do INSS, mas o mais provável é que os criminosos estejam pagando servidores públicos com acesso a sistemas do governo federal.
Com a fraude, os criminosos conseguem liberar desconto em contracheques do INSS que têm restrição para consignados e ainda alterar senhas do sistema Gov.br, que dá acesso a serviços como Previdência Social, Carteira Digital de Trânsito, entre outros.
O problema, ou um dos problemas, é que os dados de aposentados envolvidos no esquema acabam no mundo, e criminosos podem acabar contratando empréstimos por conta própria. Uma aposentada de Porto Alegre perdeu R$ 74 mil para os golpistas.
A RBS procurou o INSS com dados de algumas operações feitas pela promotoras de vendas, e o órgão disse que o desbloqueio de benefício em questão foi feito em Roraima, e que o servidor responsável será investigado.